Criador de God of War avalia plataforma unificada de games
David Jaffe, designer de jogos famoso por criar God of War, um dos mais importantes títulos para PlayStation 2, comentou em seu blog a respeito da idéia de uma plataforma unificada de jogos.
Segundo o site GamesIndustry.biz, Jaffe não foi tão longe quanto o desenvolvedor Denis Dyack, que em agosto passado afirmou que uma plataforma única de jogos eletrônicos seria inevitável, entretanto o criador de Kratos também defende a idéia.
"Uma distribuidora de jogos seria ruim. Uma desenvolvedora de jogos gigantesca seria ruim. Acho que estas são coisas que prejudicariam os jogadores", afirmou Jaffe, se perguntando por que um único console seria ruim.
Para Jaffe, isto já aconteceu com o VHS, acontece com o DVD, e em parte acontece com a TV, que embora possuam inúmeros modelos e fabricantes reproduzem o mesmo sinal de transmissão. "Então o que perderíamos tendo isto também para os consoles?", indagou o designer.
Em seu blog, Jaffe explica que se por um lado seria ruim por perder alguns recursos diferenciados entre consoles, por outro permitiria uma maior competição entre os criadores de software, já que os estúdios não precisariam mais se importar em recriar um mesmo jogo duas ou três vezes para diferentes sistemas.
O empresário que criou recentemente seu próprio estúdio, "Eat, Sleep, Play", termina seus devaneios em tom de brincadeira: "Competição é ótima. Mas eu acho que os líderes dos maiores grupos deveriam se unir de tempos em tempos - como as grandes famílias da Máfia fazem nos filmes - e tomar algumas decisões juntos, em prol da saúde geral do negócio. Droga, talvez eles façam isso e eu apenas ainda não saiba. Mas, se fazem, não tomaram a decisão certa na única coisa que eu acho que poderia beneficiar jogadores e desenvolvedores de forma efetiva: um só console".
O assunto, no entanto, gera controvérsias. Ricardo Cavallini, editor-chefe do blog
www.wishlist.nu não vê coerência em comparar videogame com VHS. Segundo ele, a visão expressa por Jaffe e Dyack é parcial e traduz o ponto de vista do desenvolvedor que, diante do panorama atual, precisa produzir versões de um mesmo game para três aparelhos, o que é oneroso. Ou seja, a existência de um único console favoreceria principalmente aos desenvolvedores, ao passo que tal fato não necessariamente representaria uma expressiva redução no custo final do produto.
Ele complementa, afirmando que os últimos aumentos no custo de produção se devem ao advento da nova geração de videogames, que trouxeram à cena muito mais espaço de armazenamento, muito mais poder processamento, maior resolução gráfica e mais capacidade de renderizar polígonos. Além disso, a nova geração ensejou a elaboração de roteiros mais complexos e, em contrapartida, fez eclodir com redobrado vigor a pirataria.
Em suma, programação seria apenas uma parcela do custo total do desenvolvimento de um título, e apenas uma parte deste trabalho é adaptá-lo para outros consoles. Assim sendo, nem o custo dos jogos nem sua qualidade sofreriam impacto positivo caso fossem produzidos apenas para um único console, já que há outros componentes caros na matriz de desenvolvimento, tais como pesquisa, Marketing e distribuição.
Cavallini finaliza suas considerações exaltando a importância da concorrência e evocando o exemplo do Wii, que representou uma iniciativa tremendamente arriscada de mercado, mas que marcou seu lugar na indústria como uma notável inovação.